Luto

Pessoal,

Na semana passada,o Pedro perdeu dois dos seus tios avós, dois familiares queridos foram brutalmente assassinados vítimas da violência dessa cidade em uma tentativa  de assalto quando chegavam em casa. Pessoas totalmente do bem, agregadores do  restante da família, alegres, amados por todos da família e amigos.

Então escrevo para pedir que não estranhem a falta de postagens, pois ficarei algum tempo sem escrever, até que a ferida da saudade e da revolta se cicatrize um pouco.

Peço, que cada um em sua crença, peça pela paz de todos os corações que estão desolados, mas principalmente pela paz nessa cidade. 

Não é esse o mundo que desejamos para nossos filhos.

Abraços

A difícil arte de ser cidadão no Brasil

Hoje o Pedro completa 4 meses e tivemos um dia com muitas atividades para comemorar.
Começamos o dia levando-o para assistir ao GP de Atletismo no complexo do Ginásio do Ibirapuera e vivenciamos uma série de desrespeitos a quem tenta ser um simples cidadão nessa cidade.

Logo na parada do carro  nas vagas 45ª da Praça Túlio Fontoura, ao lado da Assembléia Legislativa, uma flanelinha vendendo zona azul por R$8,00 reais com um carro da CET a 100 m da gente. Pagamos, afinal com bebê, carrinho e mala, ficava difícil sair pra procurar um local credenciado.

Ao chegar ao ginásio, vimos que agora há estacionamento no local, por míseros R$25,00.

Mas os incentivos para que as pessoas prestigiem os esportes não param por aí.
Não há qualquer acesso para deficientes para as arquibancadas, tivemos que carregar o carrinho por diversos lances de escadas.

Assistimos um pouco da competição e por estar muito sol para o bebê, resolvemos fazer uma caminhada no parque.

O trajeto do ginásio ao parque está com calçadas quebradas em muitos pontos e em alguns simplesmente não há faixa de pedestres.

 Fica o desabafo!

Isoimunização na gravidez

 Olá pessoal,

Desculpem a demora, Pedrinho anda tomando todo o meu tempo...estamos nos divertindo muito! Altas gargalhadas!Peito a cada 3 horas! 

Mas vamos a um assunto sério...incompatibilidade de sangue entre mãe e bebê.

Recebi uma pergunta de uma gestante e acho que a dúvida dela pode ser a de outras pessoas, então resolvi escrever sobre esse assunto.

Quando a mãe tem o sangue tipo “Rh negativo” é preciso ir atrás para saber se o pai da criança é Rh positivo, caso não haja como saber, consideramos como se fosse para conduzir o caso.

A prevenção com a “vacina” (imunoglobulina anti Rh) deve ser aplicada para evitar a doença eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido que acontece quando uma mãe Rh- que já tenha tido contato com sangue Rh+ em parto, aborto anterior ou sangramento durante a gravidez, por exemplo, vai dar à luz uma criança com Rh+. 

Essa doença é bastante grave, em resumo, o organismo da mãe cria anticorpos contra as células do sangue do feto podendo causar até a morte dele.

Então afinal quando deve ser prescrita a vacina??

Sempre após o parto quando a mãe for Rh-, se o bebê for Rh + para prevenir a doença na próxima gestação.  A maioria das maternidades já faz a tipagem sanguínea dos recém nascidos de rotina e disponibiliza a medicação se for necessário.

Uma primeira dose da vacina pode ser feita durante a gravidez quando a mulher estiver com 28 a 34 semanas de gravidez. Essa dose durante a gestação reduz a chance da mãe produzir esses anticorpos contra o bebê de 2 para 0,1%. Eu mesma, sou Rh- e meu marido Rh+ e com 28 semanas eu tomei vacina e repeti a dose no pós parto, já que foi confirmado que o Pedro é Rh + como o pai.

Quando a mulher sofre um aborto espontâneo ou induzido também deve ser vacinada. Ainda há controvérsias quando o aborto acontece com menos de 12 semanas de gestação, mas a partir de 3 meses, sempre devemos vacinar, a 

não ser quando o marido for também Rh -.

E quando a mulher está grávida, sofreu um aborto no passado ou gestação nas trompas e não foi vacinada?

Já na primeira consulta de pré-natal é solicitado exame da tipagem sanguínea e se for Rh -, solicitamos um exame chamado coombs indireto, que vai servir para controlar se a gestante está ou não produzindo os anticorpos contra o bebê.

Esse exame deve ser feito periodicamente durante os 9 meses (eu costumo solicitar uma vez por mês,mas isso fica a critério de cada médico e da disponibilidade de fazer o exame) e a qualquer sinal de alteração, exames mais específicos para verificar se o bebê está bem devem ser realizados.

O mais importante como sempre é fazer um pré-natal bem feito e esclarecer suas dúvidas com sua obstetra, só assim doenças como essa podem ser evitadas ou ao menos controladas.

Quando a obstetra engravida...entende que já é um pouco mãe há muito tempo!

Olá!

Passei a semana toda pensando no que escreveria para o Dia das Mães, afinal este é o primeiro desde que o Pedro nasceu e tem que ser especial!

Então resolvi contar um pouco da minha história de como cheguei até aqui como obstetra, como mãe e terminar a frase que dá nome ao blog.

Estava no meio do terceiro colegial (esse termo já entrega que estou ficando velha, né?) quando decidi que queria cursar medicina. Estava entre ser advogada ou médica porque sempre gostei de escrever e de todas as matérias das Humanas e Bio. Então uma amiga que estava no 4ºano da faculdade me convidou para assistir a um parto. Ela detestava obstetrícia e disse: “Se você gostar de assistir a um parto é porque a carreira é pra você”.

Lá fui eu! A maternidade estava lotada, fiquei em um canto da sala de parto, um pouco assustada com toda aquela movimentação. A mãe com muita dor por conta das contrações que iam e vinham. Algum tempo se passou e de repente presenciei aquele momento mágico. Fiquei maravilhada com tanta emoção. A mãe já esquecera a dor e tinha um brilho incrível nos olhos, algo que só compreendi por completo no dia 22.01.2011 às 16:58h. Fiquei ali por um tempo, só olhando, curtindo aquele momento que também foi especial para mim e definiu o resto da minha vida.

Entrei em medicina já certa que seria obstetra e durante todo o curso estive próxima da especialidade o máximo que pude, participando de grupos acadêmicos e sendo voluntária em maternidades.

Desde essa época até hoje já ajudei a trazer ao mundo inúmeros bebês e a cada parto revivo aquela mesma emoção de menina indecisa... E essa emoção, só agora com o Pedro descobri, é a emoção de ser mãe. 

Tenho o privilégio de ser um pouco mãe a cada pré-natal que realizo e a cada parto que faço e isso me faz cada dia ser mais apaixonada pela minha profissão.

O Pedro veio para coroar minha carreira e com tão pouco tempo de vida já me ensinou tanto, me fez enxergar o porque da escolha de tantos anos atrás. Antes de engravidar eu tinha medo de que a maternidade pudesse de alguma maneira, atrapalhar minha carreira. Estava totalmente enganada, veio somar, com certeza sou uma profissional e uma mulher melhor em todos os sentidos.

Um feliz Dia das Mães a todas com um agradecimento especial àquelas mulheres que dividiram comigo um pouco da sua própria maternidade durante todos esses anos.