Pessoal,
O mês da endometriose e da mulher acabou. Gostaram dos posts
das redes sociais? Contem para mim!!! E quem não conseguiu acompanhar, corre lá, porque tem muita informação bacana!
Mas não é porque março acabou, que vamos deixar de falar de
temas relevantes para saúde da mulher. Para começar abril, um tema que gera
muitas dúvidas!!! E que sempre envolve tabus. Doenças sexualmente
transmissíveis em mulheres que fazem sexo com mulheres.
Os dados científicos sobre o risco de DST – doenças
sexualmente transmissíveis- entre mulheres que fazem sexo com mulheres são
limitados. Existem muitos fatores que podem influenciar o risco de transmissão nesse grupo, incluindo o tipo de exposição
associado a história de sexo com homens.
A primeira atitude positiva que a ginecologista, qualquer
profissional de saúde e todas as pessoas precisam ter para cuidar dessas
mulheres ou se relacionar socialmente, é não rotular. Precisamos entender,
respeitar e acolher mulheres que fazem sexo com outras mulheres igual fazemos
com mulheres que fazem sexo com homens ou mulheres que não fazem sexo, respeito é bom e todo mundo gosta, né?Precisamos deixar de querer escolher necessariamente um
termo na tentativa de definí-las. A mulher é quem deve escolher se quer ser
definida como homossexual, lésbica, bissexual, qualquer outro nome ou nenhum
nome simplesmente. Muitas dessas mulheres terão sexo com outras mulheres
durante um período da vida apenas, outras uma vez na vida ou terão sexo apenas com mulheres sempre.
Essa população está deixando de receber informação de
qualidade sobre seus riscos de contrair doenças e como se prevenir, simplesmente
porque há preconceito demais, tabus demais.
82% das mulheres que tem sexo com mulheres já transaram com
homens em algum momento, geralmente a sua primeira vez foi com homem e até 30 %
continuam tendo relações com homens, mesmo que eventualmente. É importante que
a ginecologista questione isso na consulta para estabelecer o risco dessa
mulher para as demais DST como HIV/Aids, que é uma doença mais provável em sexo com
homem do que mulher -mulher.
Mulheres que fazem sexo com mulheres e transam, mesmo que
eventualmente com homens, tem mais risco de DST como clamídia, HIV e gonorreia do que as
que tem apenas sexo mulher-mulher.
Mas mesmo as que se auto-definem
como lésbicas ou homossexuais exclusivas, é preciso ficar atento, pois algumas
podem não saber se a parceira também transa apenas com mulheres ou se transa
com homens também.
Atividades sexuais comuns entre mulheres que fazem sexo com
mulheres incluem sexo oral(Boca à vagina), masturbação, penetração vaginal com dedos, uso de brinquedos sexuais
e genital para genital. Outras práticas podem incluir penetração anal com os
dedos, fisting (mão à vagina) e rimming (Boca ao ânus)
Poucos estudos avaliam as taxas de DST causadas por
diferentes práticas sexuais neste grupo de mulheres. Essas práticas podem expor
essas mulheres ao sangue ou às secreções orais, vaginais, cervicais ou anais se
proteção não for usada. Algumas atividades aumentam o risco de DST entre
mulheres que fazem sexo com mulheres, incluindo sexo durante a menstruação,
compartilhamento de brinquedos sexuais, sexo oral e rimming ( boca ao ânus).
Os brinquedos sexuais como vibradores ou dildos são
comumente usados por mulheres que fazem sexo com mulheres, com uma frequência
variando de 45-69% . O uso do vibrador tem sido considerado controverso em
comunidades lésbicas .Dildos são vistos como representações do pênis e algumas
mulheres podem não querer usar brinquedos sexuais para penetração vaginal.
Profissionais de saúde devem ter cuidado como questionam
essas mulheres sobre a penetração vaginal, porque não se deve assumir que o uso
de dildos é uma prática que todas as mulheres empregam. ( mas não é deixar de
perguntar, porque precisamos o máximo para tentar orientar da melhor maneira possível!)
Existem vários métodos que podem ser usados para reduzir a
propagação de DST.
Higiene dos brinquedos:
De acordo com esse estudo:
22% das mulheres que compartilhavam brinquedos com outras
mulheres, nunca😳 os lavaram antes de compartilhar
31% lavava ocasionalmente
47% lavava sempre.👏🏽👏🏽
Um outro estudo realizou grupos de discussão com 23 mulheres
bissexuais de 18 a 29 anos, que relataram usar uma variedade de métodos para
limpar os brinquedos antes do uso. Métodos incluíram lavagem, fervura e
esfregar, além de uso de álcool.
Nenhuma das participantes lavava os brinquedos sexuais
durante o sexo, e os brinquedos eram frequentemente usado na vagina de uma
parceira e depois na da outra. Algumas mulheres sentiram que a limpeza de
brinquedos sexuais quebrava o clima. Identificaram também que a maioria das
participantes não usaria preservativos em brinquedos sexuais, alegando que isso
quebraria o clima também. Gente, o que
quebra o clima é ficar doente, certo?
O que a literatura médica sugere, mesmo havendo poucos estudos é:
-Compartilhamento de Brinquedos sexuais sem lavá-los entre o
uso em cada parceira e não usar preservativos nos brinquedos sexuais pode
aumentar o risco de transmissão de DSTs de secreções vaginais e cervicais – EX:
vaginose, tricomoníase, gonorreia.
A literatura destaca que as mulheres que têm
relações sexuais com mulheres precisam levar a sério o ato de lavar brinquedos
sexuais entre o uso em cada parceiro e não apenas antes do uso. A opção alternativa sugerida é que cada
parceira poderia ter um brinquedo sexual, em vez de reutilizar o mesmo
brinquedo entre si. Incentivar as mulheres a usar preservativos nos brinquedos sexuais
também poderiam reduzir o risco de DST do tipo corrimentos. Mas aí, precisa trocar o preservativo antes de colocar na parceira, ok?
O sexo oral é comum entre as mulheres que fazem sexo com
mulheres, mas um estudo Identificou que 86% das mulheres nunca usou barreiras
de látex conhecidas como dental dams. Que são super difíceis de encontrar. E
muitas acham que o sexo não é igual, há perda de sensibilidade. Sim, concordo
que deve ser mesmo menos legal. Mas é melhor que ficar doente ou transmitir doenças, né?
Olha o Dental Dam na foto abaixo (imagens da internet). E poderíamos substituir por papel filme, sabe aquele que usamos para embalar alimentos? Gente, não é para rir!!! É sério, ok? Isso pode evitar muitos problemas, alguns bem sérios!
A utilização de tais
barreiras para o sexo oral evitaria transmissão de DST como herpes que se
manifestam como úlceras com bolhas, bem doloridas. O vírus herpes simples pode ser transmitido durante o sexo oral aos
genitais.
Recomenda-se uma maior ênfase na educação sobre o possível
risco de transmissão do herpes as parceiras. E se estiver com as lesões não
transe até melhorar!E procure sua ginecologista!!
Mulheres que fazem sexo com mulheres tem mais chances de
apresentarem vaginose bacteriana, que é uma doença que se apresenta como
corrimento fétido e que pode facilitar outras DST como doença inflamatória
pélvica causada pelas bactérias clamídia e a gonorreia.
A chance de
contrair herpes é alta, já que o herpes é comumente associado ao sexo oral e esse
grupo geralmente pratica muito sexo oral.
Outras DST que se manisfestam como corrimentos fétidos, tais como a tricomoníase também são frequentemente encontrados nessas mulheres. Podendo
ser transmitido apenas pela masturbação mútua, sem haver necessidade de genital
com genital necessariamente.
Infecções pelo HPV, especialmente as verrugas genitais, são bastante
frequentes nessa população. Além de sífilis que está por aí em todas os níveis
sócio-culturais.
Então, se cuidem!! Usem preservativos, lavem os brinquedos,
lavem as mãos, usem essas membranas e visitem a ginecologista regularmente para rotina e sempre que apresentarem sintomas. Lembrando que muitas dessas doenças as parceiras e parceiros também precisam ser tratados ao mesmo tempo. Por isso, é importante que parceiros sejam informados e também procurem atendimento médico.
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